Você é mais jovem ou mais velho que sua idade? # 10

Parece contradição em termos. Afinal, somos tão jovens ou tão velhos quanto nossa idade. Mas não é simples assim, é que nos mostra Michael Roizen, da Cleveland Clinic, em seus inúmeros livros e artigos publicados. Ficou renomado com o lançamento, em 2001, de seu livro RealAge, are you as Young as you can be? Em outra obra ele oferece um caminho: torne-se mais jovem com aquilo que você come.

A idade cronológica é facilmente conhecida – basta contar o número de anos que se passaram desde a data de nascimento. A Idade Real tem a ver com sua fisiologia ou com o risco de morte em diferentes idades. Sabe-se que o risco de morrer aumenta com a idade. Por exemplo, segundo o IBGE, para os brasileiros de 50 anos, o risco é de 5 em mil (6,6 para os homens e 3,5 para as mulheres), mas aos 79 anos de idade esse risco passa a ser de 50 em mil (61,9 para os homens e 42,6 para as mulheres).

Uma forma de avaliar a idade biológica (em contraste com a cronológica) é comparar o risco de morte em populações agrupadas segunda a prática de determinados estilos de vida – desde o grupo que não pratica nenhum, ou um ou dois ou mais. O estudo de Cambridge que acompanhou milhares de pessoas durante mais de uma década mostrou que o risco de morte daqueles com 70 anos de idade que praticavam os quatro hábitos tidos com saudáveis equivalia aos 54 anos para os do grupo que não praticava nenhum. Ou, dito de outra forma, as pessoas praticantes dos 4 hábitos saudáveis de 70 anos de idade tinham uma expectativa de sobreviver pelo mesmo tempo daqueles que não os praticavam de 56 anos de idade. Não se trata aqui apenas da expectativa de viver anos a mais, mas de viver com saúde e qualidade de vida. Na prática, aqueles que não praticava nenhum tinha maiores chances de desenvolver doenças crônicas que pioram a qualidade de vida e acabam encurtando sua duração.

Os quatro hábitos tidos como saudáveis na pesquisa de Cambridge são: evitar tabaco, limitar ingestão de álcool, praticar exercícios físicos e ingerir diariamente porções de frutas, legumes e verduras. Por isso é que Michael Roizen afirma que a sua idade biológica pode ser bastante diferente de sua idade cronológica – para melhor ou para pior. Ele destaca mais de cem hábitos que se praticados regularmente pode reduzir sua idade biológica em até 20 anos relativamente à sua idade cronológica. 

Nada mal. Parece que os “sacrifícios” para seguir hábitos adequados mais do que compensam. As dietas simples para emagrecer rápido podem levar a perda de peso, mas na maioria das vezes não são saudáveis. São inúmeras as dietas para emagrecer, perder barriga, dieta de desintoxicação, mas nós precisamos buscar mudanças de hábitos como aqueles sugeridos pelo Dr. Michael Roizen.  Na verdade, os sacrifícios serão apenas passageiros, durante a transição, pois uma vez incorporados como nossos novos nossos hábitos o sacrifício da adaptação cessará e restará apenas a satisfação de uma vida diária mais saudável e bem disposta. Mas se você ainda não está convencido, pense em seus filhos e netos – eles desejam ter sua presença - e faça isso por eles.

Os renomados Professores Michael Roizen e Mehmet Oz nos mostram que podemos ter controle sobre nossos genes e como as doenças começam e afetam nossos organismos. Oferecem conselhos em como podemos prevenir e vencer condições que ameaçam nossa qualidade de vida. Oferecem regularmente dicas de saúde no The Dispatch. Em uma dessas publicações, eles se referem a uma pesquisa de Harvard, com mais de 200 mil pessoas acompanhadas durante 32 anos. A pesquisa mostrou que uma dieta anti inflamatória (rica em fitonutrientes) reduz os processos inflamatórios e o risco de doenças do coração em 46% e de derrames em 29%, em comparação uma dieta inflamatória (rica em refinados, frituras, sodas e ultraprocessados). Referem-se a artigo publicado no Journal of the American College of Cardiology, no qual os pesquisadores advogam uma dieta rica em folhas verdes como couve, espinafre, repolho e rúcula; vegetais amarelos e laranjas como abóbora, pimentões amarelos, cenouras e alguns tipos de feijão; grãos integrais; nozes, café, chá e vinho. Esses alimentos são capazes de reduzir 6 entre 10 biomarcadores de inflamação.

Em publicação recente no Dispatch (1/dezembro/2020), listam alimentos que pode ajudar no enfrentamento da ansiedade sem provocar aumento de peso – um desafio durante a pandemia que estamos vivendo. Na ansiedade, as pessoas tendem a buscar alívio nos doces – bolos, bolachas, tortas, biscoitos – que de fato aliviam temporariamente as tensões, mas trazem outros efeitos colaterais indesejados. Mas para acalmar a ansiedade prefira uma alimentação que contenha probióticos (chcrute, kefir, yogurte, kimchi – de acordo com estudo publicado no Journal of Psychiatric Research); ômega-3, polifenóis e até chocolate com alto teor de cacau. Portanto não podemos nos queixar, pois temos alternativas muito agradáveis ao paladar.
Obviamente, muitas pesquisas ainda são necessárias para estabelecer as associações corretas e entender os mecanismos de funcionamento. Na medida em que as pesquisas vão revelando novas informações haverá necessidade de se adaptar, inclusive os padrões alimentares considerados saudáveis.

Fontes: 
Roizen, M. F; Stephenson, E. A. RealAge: are you as young as you can be? Publisher New York: Cliff Street Books, 2001.

Drs. Mehmet Oz and Mike Roizen,

 Health tips from Dr. Oz and Dr. Roizen for 12-1-20 - The Dispatch (cdispatch.com).

Health tips from Dr. Oz and Dr. Roizen for 11-24-20 - The Dispatch (cdispatch.com)