TEA - Alimentação e questões ambientais na sua prevalência # 35

Enviado por Seed4Life em seg, 16/08/2021 - 15:00
# 35

O Transtorno do Espectro Autista, TEA, é um transtorno com múltiplas manifestações, mas, em essência, se manifesta na grande dificuldade de comunicação, interação social e coordenação motora - dificuldades essas que dificultam o aprendizado e a convivência em família e na sociedade.

Foi primeiro reconhecido em 1943 por Leo Kanner, psiquiatra austríaco, diretor do hospital Johns Hopkins. 
Acreditava-se que a criança já nascia com o transtorno devido a causas genéticas.  Por este motivo, ficaram limitadas as alternativas de tratamento, e principalmente de prevenção deste distúrbio, cuja incidência cresce a cada ano.

Como nutricionista, a Dra. Denise Carreiro acredita que é plenamente possível “a prevenção desses distúrbios, bem como, na maioria dos casos, a remissão dos seus sintomas, através de cuidados nutricionais importantes principalmente no período da amamentação e alimentação dessas crianças nos primeiros anos de vida.”     
A criança portadora do TEA precisa de tratamentos intensos, multidisciplinares, continuados, iniciados na mais tenra idade, para que ela supere ou diminua os aspectos comportamentais típicos desse transtorno e possa aproveitar mais plenamente do sistema educacional. 

Os tratamentos contêm, portanto, aspectos de saúde e aspectos de educação.
As terapias utilizadas no tratamento do TEA são a Psicoterapia, a Fisioterapia, a Fonoaudiologia e a Terapia Ocupacional. Os métodos terapêuticos comumente referidos são:  ABA, BOBATH, HANEN, PECS, PROMPT, TEACCH e INTEGRAÇÃO SENSORIAL, com aspectos de saúde e educacionais.

Compreendemos os desafios de uma família que tem uma criança com TEA. Compreendemos o turbilhão de emoções e preocupações que se passam na mente dos pais e de toda a família ao receberem a confirmação do diagnóstico.
Os desafios a serem enfrentados para incluir socialmente a criança portadora de TEA são grandes. Desafios esses que estão necessariamente com a família, mas que também pertencem a toda a sociedade: aos sistemas de saúde, sistema de educação e ao sistema de assistência social. Enfim, a de toda a sociedade. 

Um ponto crucial é conhecer sua prevalência na sociedade brasileira. As estatísticas dessa prevalência no Brasil são muito escassas.  
A boa notícia é que a Lei 13.861/19 determina sua inclusão no próximo recenseamento que o IBGE fará.

No entanto, as escassas informações disponíveis no Brasil e no mundo são suficientes para mostrar que, nos últimos 40 anos, a prevalência aumentou de mais de 40 vezes ou mais de 5,5 vezes nos últimos 20 anos. Isso se deve, em parte, aos melhores métodos diagnósticos, às melhores formas de coleta e armazenamento da informação, à maior disposição das famílias em trazer à luz seus casos. Mas isso sozinho não explica tamanho crescimento. É o que pretendemos mostrar a seguir.

As evidências científicas reconhecem que a manifestação do TEA pressupõe que a criança seja portadora de uma entre tantas possibilidades de combinações genéticas que predispõem para o TEA. Teria havido tamanha multiplicação genética que predispõe para a o TEA? Parece-nos, claramente que não. Na natureza evolutiva não se observam saltos dessa grandeza em tão pouco tempo. A evolução é produto de pequenas mutações genéticas que se acumulam no tempo. Mas o ritmo natural de mutações genéticas não poderia explicar tamanho crescimento da incidência desse Transtorno. Certamente deve haver outros fatores a deslanchar a manifestação do Transtorno.

Conforme abordamos em post anterior, sabemos que as evidências científicas apontam que portar uma combinação genética que predisponha para o TEA é condição necessária para que ela se desenvolva, mas não é suficiente. Os genes podem permanecer adormecidos por toda a vida. Para que condição se manifeste é necessário que os genes sejam acionados ou disparados. 

E os disparadores podem ser inúmeros, mas sempre relacionados ao que fazemos e pensamos, aos alimentos que ingerimos, atualmente com menos frutas e verduras e mais processados; à quantidade de antibióticos que a criança toma; aos poluentes, como os micro plásticos, os fertilizantes, defensivos agrícolas, pesticidas, inseticidas, entre muitos outros agrotóxicos.

A presença dessas condições atualmente é muito mais intensa atualmente do que foi meio século atrás. Não é nenhuma surpresa, portanto, o surgimento dessas verdadeiras epidemias de obesidade e de doenças crônicas que vêm assolando as sociedades de muitas partes do mundo. Inclusive, o TEA. Como que por ironia, o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados fez desaparecer boa parte da fome no mundo, mas colocou em seu lugar a obesidade e, ao mesmo tempo, a desnutrição.

É nosso dever adotar todas as medidas necessárias para que as crianças com TEA sejam plenamente incluídas à vida em sociedade. Que sejam compreendidas e incentivadas na adoção de alimentação nutritiva e anti-inflamatória. Estudos do Dr. Alberto Peribanez Gonzalez  e da Dra. Denise Carreiro mostram o impacto dos alimentos no nosso corpo e mente.  
Sob a análise do aspecto nutricional, o autismo, afirma a Dra. Denise Carreiro, é uma doença neuro imunológica que provoca um comprometimento sistêmico com manifestação também no sistema nervoso central. Os sintomas têm como causa desiquilíbrios nutricionais, processos inflamatórios, distúrbios gastrointestinais, alergias alimentares, entre outros que podem provocar alterações funcionais em diversos órgãos e sistemas, inclusive no sistema nervoso central. 
A  Dra. Denise Carreiro menciona  no livro sobre Autismo* que “estudo consistentes demostraram a relevância  da microbiota intestinal e a sua interação com os sistemas    imunológico, endócrino e neurológico.

“ Quando estudamos o TEA em suas várias facetas, como uma  doença do corpo inteiro, precisamos não negligenciar todos os fundamentos fisiológicos do processo gestacional bem como o processo contínuo de formação e desenvolvimento do bebê nos seus primeiros dois anos de vida. O   autismo precisa ser entendido como uma doença multifatorial relacionada com o sistema gastrointestinal e imunológico, cujos gatilhos decorrem de desequilíbrios nutricionais e ambientais, tanto na mãe como no bebê”.

Cuidar para a plena integração social, educacional e profissional das crianças com TEA é dever de todos. Mas é também nosso dever coletivo adotar medidas para reduzir a incidência do TEA. A educação em saúde pode contribuir para levar informações científicas a todos os médicos e famílias para trazer mais luz sobre o tema. A Seed4Life tem publicado artigos e disponibilizado vídeos sobre o poder dos alimentos e o processo inflamatório no nosso corpo. Faça parte da nossa comunidade. Faça seu registro na Seed4Life e receba os artigos, dicas e receitas dos nossos profissionais de saúde. 

 

 


*Uma excelente descrição e análise do TEA pode ser encontrada no livro de Denise Carreiro Abordagem nutricional na prevenção e tratamento do autismo. Rettec Artes gráficas e editora. 2018. Alberto Peribanez Gonzalez. Cirurgia Verde: Conquiste a saúde pela alimentação à base de plantas.  Editora Alaúde 2017. Ver também seu livro anterior: Lugar de médico é na cozinha: Cura e saúde pela alimentação viva. Editora Alaúde 2008.
 

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