Inflamação boa e ruim # 17
Você normalmente pensaria que inflamação é sempre coisa ruim. Mas não é assim. A unha que leva uma martelada vai ficar inflamada, aliás, inflamação acontece sempre que uma parte de nosso corpo sofre algum trauma ou é invadida por alguma infeção. O processo inflamatório nada mais é do que o exército de enviados pelas células de defesa para reparar o trauma. Essa é a inflamação que cura e protege. A boa inflamação.
Já a inflamação que não se origina de traumas ou de invasores patológicos não é boa. Inflamação é o que liga nutrição e doença, dizem os cientistas. Muitas pessoas vivem com uma inflamação crônica, persistente, que não vem de vírus nem de bactérias ou traumas. Vem dos alimentos. Se você nutre permanentemente a inflamação com o que você come todos os dias, a inflamação vai se tornar crônica e será capaz de disparar seus genes que predispõem para a doença. Todos temos genes desse tipo.
Em algumas pessoas, predispõem para o diabetes, em outras para a pressão alta ou problemas nos rins ou ainda artrites reumatoides e doenças auto imunes. Essas doenças não surgem em você por causa de sua herança genética. Surgem porque a inflamação crônica que você alimenta diariamente desperta e dispara os genes que você herdou de sua família - afirma o Dr. Brooke Goldner, no Food Revolution Summit 2020.
Abstenha-se desses alimentos, consuma os alimentos anti-inflamatórios, adicione ômega-3 e cuide de estar sempre bem hidratado e seus genes de predisposição não serão disparados e você terá grande chance de não ter doença. E se você já tem alguma, a prática da alimentação nessas linhas poderá levar embora sua doença.
Dr. Goldner, que tem décadas de experiência no trato de diabetes, inclusive de reversão dessa doença, aponta que as melhores fontes são os vegetais crucíferos como repolho, brócolis, couve-flor, agrião e vegetais de folhas verdes escuras como espinafre. Isso está em linha com as recomendações dietéticas de inúmeras publicações científicas e consta nas diretrizes alimentares de muitas nações, mas ainda não praticadas na intensidade adequada. É também o receituário recomendado nos cursos do Dr. Alberto Gonzalez. Esses assuntos foram tratados em blogs anteriores.
A literatura científica nesse assunto vai descortinando os mecanismos que ligam a alimentação a doenças e isso passa pelo nosso intestino, mais especificamente pelo microbioma intestinal. O intestino está cheio de nervos e neurotransmissores, chamado sistema nervoso entérico, diretamente ligado ao cérebro. Por isso, suas emoções, estresse, ansiedade exercem forte influência na digestão e vice versa, o que passa pelo seu intestino afeta seu cérebro, pensamentos e emoções. É uma via de mão dupla. Esse vem sendo um fascinante tema de investigação científica. Muito ainda tem para se descobrir nessa relação entre o que comemos, nosso intestino e suas interrelações no o cérebro e as mais variadas doenças.
É bem provável que se você tem alguma doença crônica, inclusive mental, ela esteja relacionada à uma disfunção do seu intestino, a um processo inflamatório que se origina nele. Doença crônica pode ser sinal de que seu intestino não está tão saudável quanto poderia e deveria. Os alimentos inflamatórios destroem a capacidade da superfície interna do intestino de filtrar coisas nocivas ao nosso organismo que se encontram na natureza e que são ingeridas quando comemos. Quando essa superfície é danificada, o intestino perde sua capacidade de filtrar as coisas nocivas. O intestino deixa vazar. E daí a inflamação crônica.
Por que isso é importante especialmente nesse momento de intensificação da pandemia do Coronavirus? A resposta pode ser encontrada em artigo do prestigioso BMJ, que trata das relações entre a composição do bioma intestinal e a severidade dos casos da Covid-19. As crescentes evidências sugerem que a composição do bioma intestinal está envolvida com a gravidade da doença, via modulação da resposta imunológica do doente. A Covid-19 é mais grave nos pacientes com menor quantidade de bactérias boas no intestino e grande quantidade de bactérias ruins. E mais ainda: essa disbiose persiste durante longo tempo depois do desaparecimento do vírus, o que poderia explicar o desenvolvimento de sintomas permanentes e inflamação multisistêmica que acomete algumas pessoas.
Veja o que diz o Dr. Eduardo A. V. Rocha, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, pesquisador brasileiro renomado internacionalmente: “...a gente começa a enxergar que o que mata na COVID-19 não é o vírus... O que vai matar é a inflamação. O vírus é simplesmente um gatilho para a doença. Covid é, na realidade, uma reação inflamatória desenfreada”.
A ação recomendada é óbvia: promover as espécies boas de bactérias intestinais para que ocupem o lugar das bactérias ruins. Isso pode ser conseguida pela escolha criterioso do que você come. Aliás, essa é uma das importantes lições do Dr. Alberto em suas aulas de fisiologia, que você poderá encontrar nesta Seed4Life.
Fonte: https://amzn.to/3acK2ec