Um tributo aos profissionais de saúde

Falta pouco para que se complete um ano desde que os primeiros casos de coronavírus surgiram na China. Nada se conhecia sobre esse vírus zoonótico. Vírus zoonóticos são aqueles que vivem em animais, mas podem saltar para humanos. Alguns, depois de instalados em humanos, aprendem a saltar entre humanos. O grande perigo está na passagem pela respiração, pois, como indicam microbiologistas, epidemiologistas, estatísticos, matemáticos, o espalhamento do virus normalmente se dá em ritmo exponencial. Foi o caso desse novo coronavírus. O atraso de alguns dias, de apenas alguns dias, na tomada de medidas para sua contenção, causa milhares de infecções, sobrecarrega os sistemas de saúde, provoca escassez de leitos, equipamentos individuais de proteção, materiais, medicamentos e de profissionais capacitados em diferentes áreas. No entanto, os profissionais de saúde existentes (médicos, enfermeiros, assistentes, terapeutas, administrativos) aceitaram os desafios de atuar sob elevado risco para não deixar sem assistência os adoecidos.

Merecem todo o nosso respeito e consideração. E nossa gratidão.

Respeito e gratidão pela coragem de atuar em ambiente de risco, por horas intermináveis, nem sempre supridos com o necessário aparato de proteção. Pelo distanciamento necessário para a proteção aos seus familiares.

Atuando em ambiente desse tipo pode-se esperar dois efeitos importantes sobre os profissionais: risco de contaminação e de estresse. Dados de profissionais que tiveram Covid-19 ou que perderam suas vidas foram bastante noticiados na imprensa. Neste blog, vamos falar sobre contaminações de profissionais e familiares na Escócia. Em outro, trataremos dos efeitos em sua saúde mental.

Levantamento feito com 158 mil profissionais de saúde e seus 230 mil familiares, na Escócia, levantados no período de pico da pandemia (01/03/2020 a 06/06/2020) mostrou que responderam por 17,2% das internações por Covid-19 dos escoceses de 18 a 65 anos de idade, apesar de representarem apenas 11,2% da população dessa faixa etária. Constatou-se que entre os profissionais com atuação direta com pacientes, o risco de hospitalização por Covid-19 era 3 vezes mais alto do que entre os outros profissionais de saúde ou na população em geral; e os familiares tiveram risco de internação duas vezes mais alto.
Por enfrentarem riscos tão mais altos é que merecem nosso profundo respeito e toda nossa gratidão. E emociona ler depoimentos deles. Veja o do Dr. Alberto Gonzalez:

“Recentemente fiz uma postagem no Instagram na qual me auto fotografei conduzindo um paciente com covid-19 de um hospital para o outro. Nesta foto estou paramentado com todo o padrão necessário para resistir a uma contaminação.
Mas todos nós sabemos que isto não é 100% garantido. O vírus não apenas contamina pelo ar, mas também em qualquer superfície aonde alguém com secreções contendo vírus nas mãos tenha encostado.

Todos nós que atuamos frente ao SUS estamos "pisando em ovos", literalmente. Às vezes tendo que olhar para os lados e perceber que um de nossos colegas, sejam auxiliares de saúde, enfermeiras, funcionários de hospital e mesmo colegas médicos, desapareceram e somos informados que estão doentes, em isolamento, internados ou até mesmo entubados em algum ventilador mecânico de São Paulo.

Uma vez conversando com um colega, lembramos de uma parte de nosso juramento, no qual nos permitimos até doar nossas próprias vidas em prol do próximo. 

Que a progressão desta doença possa ser contida e que todos possam colaborar fazendo suas partes:

- Distância social... em certos casos, isolamento social.
- Lavagem frequente das mãos e superfícies de contato.
- Álcool gel logo após mexer com objetos ou papel moeda.
- Higiene pessoal e principalmente, lavagem da cavidade nasal.
- Uso de máscara nas ruas e dependendo do caso, até dentro de casa.

Fonte:
https://www.bmj.com/content/bmj/371/bmj.m3582.full.pdf